Talvez quem não nasceu no Estado de Pernambuco não saiba, mas aqui a gente tem uma mania de dizer que Pernambuco é um País. E temos muito orgulho disso, viu? Ser brasileiro é consequência de ser Pernambucano e não o contrário.
Isso talvez já indique muito o que um CM tem a aprender com Pernambuco. Mas antes de detalhar, vou te passar de onde vem isso.
Na verdade, Pernambuco já foi sim um País independente. Por apenas 75 dias, mas foi.
Em 1817, o Nordeste sofria uma crise econômica com a desvalorização do açúcar produzido na região em razão da expulsão dos holandeses que aqui viviam e que passaram a ter muito mais poder na Europa. Entre idas e vindas, crise apertando com aumentos de impostos da coroa portuguesa, fez líderes se juntarem e iniciarem o que seria a Revolução Pernambucana e no dia 6 de março de 1817 Pernambuco se tornou independente de Portugal.
Durou pouco, mas foi suficiente pra gerar um impacto na cultura do povo.
Feito essa contextualização, vamos ao que você está interessado: O que então um Community Manager pode aprender com Pernambuco?
Para construir uma comunidade, precisamos antes de tudo, ter um propósito definido e esse propósito precisa fazer sentido para todos. No inicio ele vai estar no inconsciente, no incomodo que sentimos, mas para se tornar de fato uma comunidade, ele precisa ser claro. Para Pernambuco era óbvio: ser independente de portugal, se tornar um país. O propósito era tão forte, que até hoje está no imaginário de quem é Pernambucano.
Se o propósito não estivesse claro, não fosse um incomodo real das pessoas que aqui viviam, o movimento não teria força. As pessoas não dariam a própria vida, como deram, para tornar realidade. Esse é mais um ponto importante e que precisamos aprender com Pernambuco: os líderes. Pessoas com um propósito em comum podem até formar uma comunidade, mas será que sem um líder capaz de dar sua vida naquele sonho, se tornaria uma realidade? Um community manager precisa ser o líder que faz seus atos falarem por si. Um líder que não necessariamente foi escolhido, mas que entendeu que não existe outra forma de engajar pessoas senão pelo exemplo.
Muitas vezes o CM se preocupa com o lugar, será que as cadeiras estão alinhadas, será que o ar condicionado está excelente, será que isso e aquilo... Mas o lugar é o de menos. Um propósito forte e pessoas dispostas a fazer acontecer já é suficiente, eles fazem o lugar. Seja em um auditório, em um chão de sala como eu já participei, ou em becos escuros sob a luz de lamparinas e velas para planejar um ataque à coroa portuguesa.
O plano para tornar Pernambuco independente, de vencer as tropas portuguesas, eram um plano perfeito de jornada do membro. Cada um tinha um papel fundamental no processo. E perceba que o propósito não está apenas na pessoa que monta a estratégia, mas também está na pessoa que carrega os barris de pólvora, que alimenta os cavalos, que faz a comida.
O plano, as regras, o lugar, tudo mudou. Pernambuco foi independente de Portugal por 75 dias! Mas o propósito virou cultura.
Os rituais, as músicas, a culinária, vão ganhando um gostinho de que só a gente tem e só a gente sabe. O melhor Carnaval é o nosso, o melhor São João também, e nem adianta discutir. Não tem pão de queijo que vença nosso cuscuz e nosso bolo de rolo. O hino da gente poderia ser facilmente Anunciação de Alceu Valença. A bandeira... ah, a bandeira é a mais bonita do mundo, cheia de cores assim como é a alegria do Pernambucano, do azul do mar ao vermelho do sertão. Se Ariano Suassuna diz que não troca o Oxente pelo Ok de ninguém, que somos nós pra discordar?
Salvo as brincadeiras, o que quero passar com esse texto e que todos nós podemos aprender com essa história é que: As ideias de alguém a centenas de anos atrás percorrem até hoje. O poder do CM está em acreditar que pode tornar sua comunidade livre para ser quem ela é. Pernambuco pode não ser um país no papel. Mas na mente do Pernambucano ele sempre será.
E no seu estado, como é? Conta pra mim nos comentários :)